SELEÇÃO DECEPÇÃO

Desde as eliminatórias, em algumas circunstâncias, nós, os torcedores, ficamos insatisfeitos com a seleção brasileira de futebol.

Tudo bem. Nos classificamos para a copa do mundo da África do Sul, de 2010, passando por uma eliminatória em que, apesar da classificação, muitas dificuldades foram enfrentadas e penosamente superadas. A expectativa era de que, ao final, no início da competição maior do futebol mundial, o escrete (scratc - como dizem os ingleses,) estaria cem por cento, pelo menos do ponto de vista da comissão técnica. A seleção estaria pronta e acertada. A partir daí, vem a convocação, tendo como base um único jogador, considerado o melhor do mundo um ano antes. Um ano antes, significa trezentos e sessenta e cinco dias no passado. Tempo demais para a banca do Dunga. No presente, esse jogador “base”, está com uma disfunção física considerada de difícil recuperação. Assim mesmo, continua sendo ele a base de todo esquema tático. Parece-nos um risco grande demais.

Por outro lado, o esquema tático tem como subsídio codajuvante a dupla Maycon e daniel Alves. Tudo bem, como esquema, se isso, desdo o princípio, não desequilibrasse o conjunto, fazendo-o perneta e capenga ao depositar sobre o lado diteito todas as opções de armação e de ofensividade, além de o expor, claramente, à percepção das demais equipes. E olha que lá não tem técnico burro e teimoso, haja vista que tomamos os dois gols pelo lado esquerdo, por onde o lateral não recebia apoio para a armação das jogadas, nem mesmo dos volantes.

Aliás, sobre esse esquema tático, basicamente centrado na defesa, onde praticamente existiam seis zagueiros, uma vez que os dois volantes (cabeças de área) não passam de dois homens tecnicamente limitados, sem capacidade de armar ou de abastecer o ataque, criava dois compartimentos independentes no time. Seis homens atrás, sem contar o Daniel Alves que era um segundo lateral direito, ocupando espaço e não ocupando a função que deles se esperava. O que se tem a dizer é que era demasiadamente defensivo para o padrão clássico do futebo, brasileiro. Ficou tudo muito fácil para o adversário.

Assim, desde o primeiro jogo, a seleção não encontrou o caminho do gol e, se os fez, foram mais por contingência da fragilidade do adversário que pelos nossos próprios méritos. Ficava claro que a nossa classificação estava posta na condição de não tomar gols, o que dependia, exclusivamente, do sistema defensivo.

O meio de campo, ou seja, a armação, e o ataque, ficaram postos sobre os ombros de três jogadores: Cacá, Robinho e Luiz Frabiano ou seus substitutos eventuais. Não parece muito pouco? Na copa de 1970, tínhamos Clodoaldo, Rivelino e Gérson na armação, além de Pelé, tostão e Jairzinho no ataque. Ora, se agora o único armador e abastecedor de jogadas ofensivas se encontrava contundido desde a convocação e posto em regime de recuperação durante a copa, é claro que ele não estaria em condiçõe de arcar com toda a carga posta sobre seus ombros, sendo-lhe necessário ainda, reencontrar, durante a competição o que nos últimos seis meses não foi possível, a condição física e técnica, a noção de espaço e o tempo de bola, algo que em nenhum momento ele demonstrou ter assimilado. O que se viu foi um Cacá trôpego, correndo atrás da bola, cometendo faltas, discutindo com o adversário, recebendo cartões amarelos e vermelhos, fora das suas características, sem realizar quase nada em termos de jogar futebol.

Tudo isso, analisado, afirmamos que tem tudo a ver com Comissão Técnica. Mas não devemos considerar comissão técnica apenas a equipe de campo. A Comissão Técnica da Seleção Brasileira de Futebol, começa na pessoa do seu dirigente maior, o Presidente da CBF, o Sr. Todo-poderoso, Ricardo Teicxeira, que manda e desmanda em benefício próprio. Para ele, o povo que se dane!

Nós temos Técnicos capacitados e competentes, treinados na experiência de dirigir times e seleções pelo mundo inteiro nos mais difíceis campeonatos e que, apesar disso, são preteridos pelas novas experiências postadas nas teorias limitadas e retranqueiras, contrárias à índole do nosso esporte bretão. Porque não o Felipão? O Parreira que foi tentar salvar a medíocre seleção da África do Sul? Porque não Zico, que construiu o futebol japonês? Porque não Mano, que suportou e sustentou o Corínthians refazendo-o de novo? Porque não Murici, Joel Santana, Silas e muitos outros que estão por aí a demonstrarem através de resultados, um trabalho profícuo?

Quiçá, para a Copa de 2014, que será aqui, no Brasil, tenhamos Dirigentes, técnico e time que estejam à altura da tradição do futebol, braileiro. Afinal, não queremos correr o risco de passar por um novo “MARACANAÇO”!