UM TEMA A SER ENCARADO E DISCUTIDO - VIOLÊNCIA

Ainda que convivamos diariamente em meio à violência, seja vivenciando-a pessoalmente ou através de noticiários veiculados por todos os meios de comunicação, muito pouco tempo dedicamos a esse tema tão atual e, pela própria dimensão, preocupante.

A população das cidades e das comunidades rurais ou suburbanas se compõe de indivíduos que, em sua grande maioria, é pacífica por natureza e por vocação. Entretanto, o convívio com a violência e com a impunidade dos que a praticam, atua como um disseminador que impregna da mesma doença quem nem mesmo nasceu com predisposição a ela. As pessoas se contaminam, os grupos se contaminam, a sociedade e toda a população se contaminam, passando a agir e a reagir, emocional, instintiva e até mesmo racionalmente, de acordo com a prática comumente usual e quase sempre mais de acordo com a “doença”. O Direito, a Lei e a Justiça parecem instituições desconexas e inúteis, perdidas num emaranhado de normas, cujo serviço prestado, quando acionado e efetivado, beneficia, em detrimento dos que buscam o bem, os que à margem dele se colocam para, tão somente e de forma deliberada praticar o mal e dele se beneficiar.

Pode parecer aos entendidos que a nós, leigos, não cabe falar de Direito, de Lei e de Justiça, porque os ignoramos na teoria. Tudo bem que meros diplomas os façam pensar assim. Mas, por outro lado, somos graduados, bacharelados, doutorados em violência. Trazemos suas marcas na pele, na mente e no coração, na prática passiva a que somos diariamente submetidos meses e anos a fio. Nessa guerra sem quartel, sem regras, sem limite e sem trégua, deveria ser respeitado o “direito” mínimo do cidadão em aprender, desde os bancos do jardim de infância, a conhecer, respeitar e praticar a “lei”, em benefício do direito, em suas regras mais básicas. E crescer sob o testemunho exemplarmente pedagógico do justo castigo ao desobediente que, indo deliberadamente além do próprio, invade e violenta o direito do próximo.

Não é característica natural do ser humano o ser violento. A violência, tal como é praticada nos dias de hoje, é hábito natural e instintivo das bestas-feras, dos seres irracionais. Instituições defensoras dos direitos humanos deveriam repensar certas decisões que tomam em favor daqueles que, deliberada e de moto próprio, se situam à margem da lei e do justo direito, preferindo e assumindo a abolição da sua característica essencial e, portanto, do próprio direito à defesa e proteção como tais. Estas instituições, infelizmente, em muitas ocasiões e em detrimento do “humano” do seu slogan, postam-se e cerram fileiras ao lado e em favor do desumano. Isso, quer parecer-nos, está diametralmente oposto aos princípios, ao propósito e à finalidade que filosoficamente apregoam. Queremos defender, preservar, recuperar a fera? Cobremos do sistema sócio-econômico-político-educativo o profícuo tratamento das causas. Enquanto isso, é imprescindível que mantenhamos enjaulada a fera.

Não há dúvida que o caos da violência é nocivo à sociedade e ao interesse comum. É certo, portanto, que a determinados interesses individuais ou de grupos não interessa a ordem e a harmonia, pressupostos da sua erradicação.

É um bom assunto a ser tratado a nível de política cidadã, social e educativa.

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30/01/2009